Rute

A história de lealdade e ancestralidade de Davi

capítulo 2

1 E tinha Noemi um parente de seu marido, homem poderoso e rico, da família de Elimeleque, o qual se chamava Boaz.

2 E Rute a moabita disse a Noemi: rogo-te que me deixes ir ao campo, e colherei espigas atrás daquele a cujos olhos achar favor. E ela lhe respondeu: vai, filha minha.

3 Foi, pois, e chegando, tirou espigas no campo atrás dos ceifeiros: e aconteceu porventura, que o terreno era de Boaz, o qual era da parentela de Elimeleque.

4 E eis que Boaz veio de Belém, e disse aos ceifeiros: o Senhor seja convosco. E eles responderam: o Senhor te abençoe.

5 E Boaz disse a seu criado o supervisor dos ceifeiros: De quem é esta moça?

6 E o criado, supervisor dos ceifeiros, respondeu e disse: É a moça de Moabe, que voltou com Noemi dos campos de Moabe;

7 E disse: rogo-te que me deixes colher e juntar atrás dos ceifeiros entre os feixes; entrou, pois, e está desde pela manhã até agora, menos um pouco que se deteve em casa.

8 Então Boaz disse á Rute: ouve, filha minha, não vás a tirar espigas em outro campo, nem passes daqui: e aqui estarás com minhas moças.

9 Olha bem o campo que colherem, e segue-as: porque eu mandei aos moços que não te toquem. E se tiveres sede, vai aos vasos, e bebe da água que os moços tirarem.

10 Ela então baixando seu rosto inclinou-se à terra, e disse-lhe: por que achei favor em teus olhos para que tu me reconheças, sendo eu estrangeira?

11 E respondendo Boaz, disse-lhe: por certo se me declarou tudo o que fizeste com tua sogra depois da morte de teu marido, e que deixando teu pai e tua mãe e a terra de onde nasceste, vieste a um povo que não conheceste antes.

12 O Senhor recompense tua obra, e tua remuneração seja cheia pelo Senhor Deus de Israel, que vieste para cobrir-te debaixo de suas asas.

13 E ela disse: Senhor meu, ache eu favor diante de teus olhos; porque me consolaste, e porque falaste ao coração de tua serva, não sendo eu como uma de tuas criadas.

14 E Boaz lhe disse à hora de comer: achega-te aqui, e come do pão, e molha teu bocado no vinagre. E sentou-se ela junto aos ceifeiros, e ele lhe deu grãos tostados, e comeu até que se fartou e lhe sobrou.

15 Levantou-se logo para tirar espigas. E Boaz mandou a seus criados, dizendo: colha também espigas entre os feixes, e não a envergonheis;

16 Antes lançareis de propósito dos feixes, e a deixareis que colha, e não a repreendais.

17 E tirou espigas no campo até à tarde, e debulhou o que havia colhido, e foi como um efa de cevada.

18 E tomou-o, e veio à cidade; e sua sogra viu o que havia colhido. Tirou também logo o que lhe havia sobrado depois de farta, e deu-lhe.

19 E disse-lhe sua sogra: onde tiraste espigas hoje? e onde trabalhaste? Bendito seja o que te reconheceu. E ela declarou à sua sogra o que lhe havia acontecido com aquele, e disse: o nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.

20 E disse Noemi à sua nora: seja ele bendito do Senhor, pois que não recusou aos vivos a benevolência que teve para com os finados. Disse-lhe depois Noemi: nosso parente é aquele homem, e de nossos remidores é.

21 E Rute moabita disse: a mais disto me disse: junta-te com meus criados, até que tenham acabado toda minha colheita.

22 E Noemi respondeu a Rute sua nora: melhor é, filha minha, que saias com suas criadas, que não que te encontrem em outro campo.

23 Esteve, pois, junto com as moças de Boaz tirando espigas, até que a colheita das cevadas e a dos trigos foi acabada; mas com sua sogra habitou.